Era a primeira vez que lhe sentia prestígio, e não há dúvida que ficou acabrunhado. Correu a acender luzes e cuidou de jantar.
Jantou menos mal, ainda que sem sopa; tomou café, preparado por ele mesmo, na máquina que levara, e encheu o resto da noite como pôde. Às oito horas, indo dar corda ao relógio, resolveu deixá-lo parar, a fim de tornar mais completa a solidão; leu algumas páginas de uma novela, bocejou, fumou e dormiu.
De manhã, ao voltar do tanque e tomado o café, procurou os jornais do dia, e só então advertiu que, de propósito, os não mandara vir. Estava tão acostumado a lê-los, entre o café e o almoço, que não pôde achar compensação em nada.
— Pateta! exclamou. Que tinha que os jornais viessem?
Para matar o tempo, foi abrir e examinar as gavetas da mesa — uma velha mesa, que lhe não servia há muito, e estava ao canto do gabinete, na outra casa. Achou bilhetes de amigos, notas, flores, cartas de jogar, pedaços de barbante, de lacre, penas, contas antigas, etc. Releu os bilhetes e as notas. Algumas destas falavam de coisas e pessoas dispersas ou extintas: "Lembrar ao cabeleireiro para ir à casa de D. Amélia". — "Comprar um cavalinho de pau para o filho do Vasconcelos". — "Cumprimentar o Ministro da Marinha". — "Não esquecer de copiar