dominava nada. A solidão, como paredes de um cárcere misterioso, ia-se-lhe apertando em derredor, e não tardaria a esmagá-lo. Já o amor-próprio o não retinha; ele desdobrava-se em dois homens, um dos quais provava ao outro que estava fazendo uma tolice.
Eram três horas da tarde, quando ele resolveu deixar o refúgio. Que alegria, quando chegou à Rua do Ouvidor! Era tão insólita que fez desconfiar algumas pessoas; ele, porém, não contou nada a ninguém, e explicou Iguaçu como pôde.
No dia seguinte foi à casa do Tobias, mas não lhe pôde falar; achou-o justamente recluso. Só duas semanas depois, indo a entrar na barca de Niterói, viu adiante de si a grande estatura do esquisitão, e reconheceu-o pela sobrecasaca cor de rapé, comprida e larga. Na barca, falou-lhe:
— O senhor pregou-me um logro...
— Eu? perguntou Tobias, sentando-se ao lado dele.
— Sem querer, é verdade, mas sempre fiquei logrado.
Contou-lhe tudo; confessou-lhe que, por estar um pouco fatigado dos amigos, tivera a idéia de recolher-se por alguns dias, mas não conseguiu ir além de dois, e, ainda assim, com dificuldade. Tobias ouviu-o calado, com muita atenção; depois, interrogou-o minuciosamente, pediu-lhe todas as sensações, ainda as mais íntimas, e o outro não