— Vulgarmente é esse o nome; eu dou-lhe outro: passaporte do céu.


Duarte estava pálido e frio. Quis falar, não pôde; um gemido, sequer, não lhe saiu do peito. Rolaria ao chão, se não houvesse ali perto uma cadeira em que se deixou cair.


— O senhor, continuou o velho, tem uma fortunazinha de cento e cinqüenta contos. Esta pérola será a sua herdeira universal. João Rufino, vá buscar o padre.


O padre entrou, o mesmo padre calvo que abençoara o bacharel pouco antes; entrou e foi direito ao moço, engrolando sonolentamente um trecho de Neemias ou qualquer outro profeta menor; travou-lhe da mão e disse:


— Levante-se!


— Não! não quero! não me casarei!


— E isto? disse da mesa o velho, apontando-lhe uma pistola.


— Mas então é um assassinato?


— É; a diferença está no gênero de morte: ou violenta com isto, ou suave com a droga. Escolha!


Duarte suava e tremia. Quis levantar-se e não pôde. Os joelhos batiam um contra o outro. O padre chegou-se-lhe ao ouvido, e disse baixinho: