O bonzo do meu escripto chama-se Pomada, e pomadistas os seus sectários. Pomada e pomadista são locuções familiares da nossa terra: é o nome local do charlatão e do charlatanismo.
Nota D
Era um sacco do espantos | pag. 196. |
Em algumas linhas escriptas para dar o ultimo adeus a Arthur de Oliveira, meu triste amigo, disse que era elle o original deste personagem. Menos a vaidade, que não tinha, e salvo alguns rasgos mais accentuados, este Xavier era o Arthur. Para completal-o darei aqui mesmo aquellas linhas impressas na Estação de 31 de Agosto ultimo:
“ Quem não tratou de perto este rapaz, morto a 21 do mez corrente, mal poderá entender a admiração e saudade que elle deixou.
“ Conheci-o desde que chegou do Rio Grande do Sul, com dezesete ou dezoito annos de edade; e podem crer que era então o que foi aos trinta. Aos trinta lera muito, vivera muito; mas toda aquella pujança de espirito, todo esse raro temperamento litterario que lhe admiravamos, veiu com a flor da adolescencia; desabrochara com os primeiros dias. Era a mesma torrente de ideias, a mesma fulguração de imagens. Ha algumas semanas, em escripto que viu a luz na Gazeta de Noticias, defini a alma de um personagem com esta especie de hebraismo: — chamei-lhe um sacco de espantos. Esse personagem (posso agora dizel-o) era, em algumas partes, o nosso mesmo Arthur, com a sua