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—VI—

n'este mundo consiste em damnar as coisas mais santas, attribuisse o que é gratidão, singelamente manifestada, á vaidada mesquinha de pretender divulgar a intimas relações d'amizade, que existem entre um homem obscuro como eu, e um homem da seu nome.

Ha pouco mais ou menos quatro annos que as primeiras estrophes d'este livro se começaram a escrever, como sabe, no seu agradavel retiro da Ajuda. Foi o meu amigo quem, depois de as ouvir, me animou a proseguir n'este genero de poesia.

Procurei então ver se dava maior desenvolvimento ao plano primitivo, que não passava de um esboceto, tratando de dispor as scenas e de illuminar as figuras n'um quadro mais completo.

Os elegantes e esperançosos poetas da geração moderna, pouco depois da lucta civil de 1846, entregando-se quasi todos as discuseões aridas e rancorosas da politica militante, haviam desgraçadamente voltado as costas ao eden risonho da poesia; e apenas, de quando em quando, João de Lemos, Mendes Leal, Palmeirim, e poucos mais, davam signal de vida n'uma ou n'outra canção fugitiva.

Esta especie de adormecimento litterario, em que vimos cair os primeiros engenhos, explica-se talvez pela influencia da epocha em que vivemos. A poesia respira-se no ar, como a fragrancia das flores; e a atmosphera dos nossos dias, obscurecida pelo fumo das machinas de vapor, rouba aos cibos as suaves e encantadoras perspectivas da natureza.