XIII
Á VIRGEM MARIA
Esposa do Deus vivo, templo augusto
Do Senhor que governa os céos e a terra,
Escuta os meus gemidos, e do abysmo
Do peccado a minha alma desenterra.
Ó das filhas dos homens a mais bella,
Em cujo seio amigos se abraçaram
A justiça e a clemencia, e pelos homens
Com vinculo divino se ligaram.
Mãe do meu Deus, refugio esperançoso
Do peccador afflicto, vem depressa
Em meu soccorro contra o vil imigo,
Que de bramir em roda nunca cessa.
Lembra-te que na cruz cruel o sangue
Se verteu de teu filho angustiado,
Para as chagas lavar torpes e impuras
Do peccador que a culpa tem manchado.
Ó doce pensamento, que derramas
Lisongeira esperança no meu peito;
E a protecção benigna me asseguras
D’aquella a quem o céo vive sujeito.
Sousa Caldas.