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«Vinde, ó filhas do ouco do páo,
Lagartixas do rabo vermelho,
Vinde, vinde tocar merimbáo,
Que hoje é festa de grande apparelho.

Raparigas do monte das cobras,
Que fazeis lá no fundo da brenha?
Do sepulcro trazei-me as abobras,
E do inferno os meus feixes de lenha.

Ide já procurar-me a bandurra, 18
Que me deu minha tia Marselha,
E que aos ventos da noite susurra,
Pendurada no arco da velha.

Onde estás, que inda aqui não te vejo,
Esqueleto gamenho e gentil?
Eu quizera acordar-te c’um beijo
Lá no teu tenebroso covil.

Gallo-prelo da torre da morte,
Que te aninhas em leito de brasas,
Vem agora esquecer tua sorte,
Vem-me em torno arrastar tuas azas.