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Uma noite co’as colchas do leito
Abafei para sempre os queixumes.

Ao segundo, da torre do paço
Despenhei por me ser desleal;
Ao terceiro por fim n’um abraço
Pelas costas cravei-lhe um punhal.

Entre a turba de meus servidores
Recrutei meus amantes de um dia;
Quem gozava meus regios favores
Nos abysmos do mar se sumia.

No banquete infernal da luxuria
Quantos vasos aos labios chegava,
Satisfeita aos desejos a furia,
Sem piedade depois os quebrava.

Quem pratica proesas tamanhas
Cá não veio por fraca e mesquinha,
E merece por suas façanhas
Inda mesmo entre vós ser rainha.