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A’ minha voz acodes, e abandonas
Para escutar-me o gelido sudario...

Não; não morreste; — ou bella como outr’ora
A’ voz do meu amor hoje renasces!...
Tombão-te ao collo as nitidas madeixas,
E adoravel pudor te adorna as faces.

Não vens da campa, não, que nos teus labios
Vejo o frescor e a purpura da rosa;
Palpita o seio, e bincão-te os sorrisos
    Na boca graciosa.

Vejo-te os olhos limpidos, serenos,
Taes como costumava outr’ora vêl-os;
Nem dos sepulcros o halito mephytico
    Exhalão teus cabellos.

Tu vens direito da mansão celeste
A mim descendo, ó anjo meu formoso,
Com azas de ouro desferindo o vôo
    No espaço luminoso.

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