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     D’argila, d’onde nascemos,
     Não és de certo gerada.

     Tu és da divina essencia
     Uma pura emanação,
     Ou um effluvio do elysio
     Vertido em meu coração.

     Tu és dos cantos do empiro
     Uma nota sonorosa,
     Que nas fibras de minh’alma
     Echôa melodiosa;

     Ou luz de benigna estrella
     Que doura-me a triste vida,
     Ou sombra de anjo celeste
     Em minha alma reflectida.

     Emquanto vago na terra
     Como misero proscripto,
     E o espirito não vôa
     Para as margens do infinito,

     Tu apenas me appareces
     Como um sonho vaporoso,