De trezentas nações, e os parabens unidos
Das coroas occidentaes.
Mas o melhor de tudo é que no rosto aberto
Das mulheres e dos varões,
Como em agua que deixa o fundo descoberto,
Via limpos os corações.
Então elle, estende a mão callosa e tosca,
Affeita a só carpintejar,
Com um gesto pegou na fulgurante mosca,
Curioso de a examinar.
Quiz vel-a, quis saber a causa do mysterio.
E, fechando-a na mão, sorriu
De contente, ao pensar que alli tinha um imperio,
E para casa se partiu.
Alvoroçado chega, examina, e parece
Que se houve nessa occupação
Miudamente, como um homem que quizesse
Dissecar a sua illusão.
Dissecou-a, a tal ponto, e com tal arte, que ella,
Rota, baça, nojenta, vil,
Succumbiu; e com isto esvaiu-se-lhe aquella
Visão fantastica e subtil.
Hoje, quando elle ahi vae, de aloé e cardamomo
Na cabeça, com ar taful,
Dizem que ensandeceu, e que não sabe como
Perdeu a sua mosca azul.
Página:Poesias Completas (Machado de Assis).pdf/332
