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A Grecia pode orgulhosa
O seu talento exaltar,
Por qu'outra mais portentósa,
Inda a não veio offuscar;
O seu canto altisonante
Vae correndo sempre avante,
Nascido d'um seio amante,
Que trovou a suspirar!..

Ditoso quem junto d'ella,
Lhe ganhasse o coração,
E da poetisa bella
Avaliasse a paixão!
Que venturoso mortal!
Não teve Sapho uma igual,
E jamais leve rival
Seu canto na inspiração!

Mas amou por desventura
Esse joven leviano,
Que su'alma nobre, e pura,
Não pôde tornar ufano,
E longe de comprehender
Seu valor, tanto saber,
Ingrato a foi esquecer,
Sem prever da triste o damno!