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Nessa noute de terror,
Em que o raio scintillava,
Em que o vento com furor.
Já o Hellesponto agitava;
Louco d'amor, denodado,
Sem temer o mar irado
Vae como era costumado,
Ver aquella, que adorava!

Ouve o mar medonho, e forte,
A amante Irisle, e saudosa,
E não cre, que desta sorte
Houvesse alma corajosa,
Que ao mar se fosse arrojar,
Entre as vagas a luctar;
E o phana! vae apagar,
Nunca mais sendo ditosa!..

Porém, ah! O terno amante
'Stá d'amor lão abrasado,
Que sem temer corre avante,
Que o pharol illuminado,
Era a sua luz, seu norte;
Mas oh dor!... já se apagou!
P'r'o triste tudo acabou,
Não resiste à dura morte!...