Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/104

100
olinda a alzira

Reverberou seu fogo em minhas faces,
E a vêa e vêa d'ellas espalhado
De todo o corpo me filtrou os membros.

Da lascivia ao pudor jungindo o pezo,
Fez-me Bellino levantar e tendo
Elle sentado unidos os joelhos,
Sobre elles me sentou, e franco accesso
Da lança abrindo á ponta, a foi de manso
No riste pondo, té que a meio conto
N'elle embebida, sobre si de todo
Levando o pezo meu, entrou de modo
Que fiquei té ás visceras varada.
A introduccão tão forte pouco affeitos
Meus delicados membros se avexararam:
Mas curvando-me um pouco, e com justeza,
Achei convir ao estojo o instrumento;
Cuja palpitação, sem ajustar-nos,
Em cadencia reciproca alliada.
Bastava a provocar gosto indizivel.
De modo que sem mais fadiga eu pude,
Na grata posição Bellino immovel,
Attingir o prazer mais saboroso,
Nadar em mil deleites engolphada:
Aqui, amada Alzira, essa virtude
Que appellidam pudor, foi-me odiosa.
De seus grilhões liberta, possuida
De um venero foror, impaciente
De comprimir a mim o caro amante,
Arranquei-me da lubrica attitude,
Sobre elle me arrojei, toda anciosa