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POEMA
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III

Em Troia, de Setubal bairro inculto,
Mora o preto castiço, de quem fallo;
Cujo nervo é de sorte, e tem tal vulto,
Que excede o longo espeto de um cavallo:
Sem querer nos calções estar occulto,
Quando se enteza o tumido badalo,
Ora arranca os botões com furia rija,
Ora arromba as paredes quando mija.

IV

Adorna hirsuto rispido pentelho
Os ardentes colhões do bom Ribeiro,
Que são duas maçãs de escaravelho.
Não digo na grandeza, mas no cheiro:
Alli piolhos ladros tão vermelho
Fazem com dente agudo o pau leiteiro.,
Que o cata muita vez; mas ao tocar-lhe
Logo o membro nas mãos entra a pular-lhe.

V

Os maiores marsapos do universo
Á vista d'este para traz ficaram:
E do novo Martinho era prosa e verso
Mil poetas a porra decantaram:
Quando ainda o cachorro era de berço
Umas moças por graça lhe pegaram
Na pica já taluda, e de repente
Pelas mãos lhes correu a grossa enchente.