Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/145

141

XXXVI

Cante a guerra quem fôr arrenegado,
Que eu nem palavra gastarei com ella;
Minha Musa será sem par canella
Co’um felpudo coninho abrazeado:

Aqui descreverei como arreitado
N’um mar de bimbas navegando á vela,
Cheguei, propicio o vento, á doce, áquella
Enseada d’Amor, rei coroado:

Direi tambem os beijos susurrantes,
Os intrincados nós das linguas ternas,
E o aturado fungar de dous amantes:

Estas glorias serão na fama eternas;
Ás minhas cinzas me farão descantes
Femeos vindouros, alargando as pernas.