Esconde a face, e nunca as claras luzes
Vejas do céo, cuja existencia negas;
Sepultado nas trevas da ignorancia,
A que te guiam voluntarios erros,
Costuma-te aos horrores d′esse abysmo,
Em que apezar de o teres por chimera.
Confessarás um dia mas já tarde.
Não ser uma illusão a Eternidade.
No anno de 1822 appareceu em Lisboa impressa (anonyma) em um pequeno folheto de oitavo esta peça, miseravelmente deturpada em muitos versos, e mutilada em alguns outros como facilmente poderá verificar o leitor curiooso, que possuindo por ventura o citado folheto, quizer confrontal-o com a presente edição. Aquelle que fôr versado no conhecimento de estyios terá talvez aventado que o d′esta composição se afasta notavelmente da elocução propria de Bocage. E na verdade, segundo a asseveração de pessoas competentes, a obra é de Sebastião Xavier Botelho; mas tambem nos certificaram que tendo-a seu auctor submettido á correcção e censura de Bocage, este emendara e polira muitos versos, introduzindo-lhe outros totalmente seus, pelo que nos pareceu que de justiça devia achar cabida na presente collecção.