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notas
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mente obras de Bocage, e de Pedro José Constancio, mas sem a devida separação; tornando-se por isso difficultoso, se não impossível, descriminar com certeza entre ellas as que pertencem a um ou outro dos dois poetas; muito mais quando os estylos de ambos offerecem ás vezes tal similhança, que deixa indeciso o juizo mais experimentado.

Por conseguinte pareceu preferivel a idéa de os reproduzir aqui na sua totalidade; o leitor poderá fazer a respeito de cada um as observações que a sua critica lhe suggerir, e estremal-os-ha como fôr do seu agrado.

Pedro José Constancio, a quem indubitavelmente pertencem alguns dos sonetos a que nos referimos, foi bacharel formado em canones pela universidade de Coimbra, filho de Manoel Constancio, cirurgião da camara da Rainha D. Maria I, e conseguintemente irmão do nosso conhecido escriptor Francisco Solano Constancio. Falleceu antes de 1820, e conviveu no seu tempo com a maior parte dos poetas contemporaneos, particularmente com Bocage, e José Agostinho. Homem de vida extravagante e desregrada, soffria por vezes ataques de alienação mental, chegando a apresentar-se nú em pleno dia ás janellas da casa onde morava, no deserto da rua larga de S. Roque! Compoz grande numero de poesias, quasi todas licenciosas, e entre estas um poema allusivo á fornicação dos cães dentro das igrejas, que sendo