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Pela immortalidade os olhos ledos;
E do seu phrenesi, meu bem, zombemos.
Esse abysmo sem fundo, ou mar sem praia
Onde a morte nos lança, e nos arroja,
Guarda perpetuamente tudo, oh Lilia,
Tudo quanto lhe cae no bojo immenso.
Em quanto dura a vida ah! sejam, sejam
Nossos os prazeres, os Elysios nossos.
Os outros não são mais que um sonho alegre,
Uma invenção dos reis, ou dos tyrannos,
Para curvar ao jugo os brutos povos:
E o que a superstição nomêa averno,
E á multidão fanatica horrorisa;
As furias, os dragões, e as chammas fazem
Mais medo aos vivos, do que mal aos mortos.