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alzira a olinda
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Crimes fingir, crear eternos fogos,
Eu desafio os seus sequazes todos,
Eu desafio o Deus, que elles trovejam!...
Nos mais puros deleites embebida,
Bem os posso arrostar, posso aterral-os!
Não estremeças, não, amada Olinda;
Longe do Fanatismo a turma odiosa,
Que infames leis, infames prejuisos,
Quaes cabeças fataes d′hydra indomavel
Para o mundo assolar tem rebentado:
Não ha para os christãos um Deus differente
Do que os gentios teem, e os musulmanos:
Dogmas de bonzos são condignos filhos
Da fraude vil, da estupida ignorancia,
Da oppressora politica productos.
O que Razão desnega, não existe:
Se existe um Deus, a Natureza o offerece:
Tudo o que é contra ella, é offendel-o.
A solida moral não necessita
De apoios vãos: seu throno assenta em bases
Que firmam a Razão, e a Natureza.

Outra vez eu farei que estes dictames
Com seguros principios sustentados,
Destruam tua credula impericia;
Abafando illusões, que desde a infancia
Te lançaram na mente inculta e frouxa,
Que Furias tem, que tem Dragões e Larvas,
Para os gostos da vida atassalhar-te.
Para a remorsos vis dar existencia.
Por ora segue o culto, que te apontam