Nem é a noite escura.<poem>
No dia do furor, em vão buscáras
Fugir ante o Deus forte,<poem>
Quando do arco tremendo, irado, impelle
Setta em que pousa a morte.<poem>
Mas o que o teme dormirá tranquillo
No dia extremo seu,<poem>
Quando na campa se rasgar da vida
Das illusões o véu.
XIX.
Calou-se o monge: sepulchral silencio
Á sua voz seguiu-se. Uma toada
De orgam rompeu do côro. Assemelhava
O suspiro saudoso, e os ais de filha,
Que chora solitaria o pae, que dorme
Seu ultimo, profundo e eterno somno.
Melodias depois soltou mais doces
O severo instrumento: e ergueu-se o canto,
O doloroso canto do propheta,
Da patria sobre o fado. Elle, que o vira,
Sentado entre ruinas, contemplando
Seu avito esplendor, seu mal presente,
A quéda lhe chorou. Lá na alta noite,