Da primavera, lhes correu a vida,
Até sumir-se no adro do convento,
Debaixo de uma lagea tosca e humilde,
Sem nome, nem palavra, que recorde
O que a terra abrigou no somno extremo.
Eremiterio antigo, oh, se podesses
Dos annos que lá vão contar a historia;
Se ora, á voz do cantor, possivel fosse
Transudar desse chão, gelado e mudo,
O mudo pranto, em noites dolorosas,
Por naufragos do mundo derramado
Sobre elle, e aos pés da cruz!... Se vós podesseis,
Broncas pedras, falar, o que dirieis!
Quantos nomes mimosos da ventura,
Convertidos em fabula das gentes,
Despertariam o eccho das montanhas,
Se aos negros troncos do sobreiro antigo
Mandasse o Eterno sussurrar a historia
Dos que vieram desnudar-lhe o cepo,
Para um leito formar, onde velassem
Da mágua, ou do remorso as longas noites!
Aqui veiu, talvez, buscar asylo
Um poderoso, outr’ora anjo da terra,