Me pede íntimo ardor?
És tu, meu anjo, cuja voz divina
Vem consolar a solidão do enfermo,
E a contemplar com placidez o ensina
De curta vida o derradeiro termo?
Oh, sim! és tu, que na infantil idade,
Da aurora á frouxa luz,
Me dizias: — acorda, innocentinho,
Faze o signal da cruz.»
És tu, que eu via em sonhos, nesses annos
De inda puro sonhar,
Em nuvem d’ouro e purpura descendo
Co’ as roupas a alvejar.
És tu, és tu! que ao pôr do sol, na veiga,
Juncto ao bosque fremente,
Me contavas mysterios, harmonias
Dos céus, do mar dormente.
És tu, és tu! que, lá, nesta alma absorta
Modulavas o canto,
Que de noite, ao luar, sósinho erguia
Ao Deus tres vezes sancto.
És tu, que eu esqueci na idade ardente
Das paixões juvenis,