Tu, que entre os braços teus lhe dás asylo
Contra o furor da sorte;
Tu, que esperas ás portas dos senhores,
Do servo ao limiar,
E eterna corres, peregrina, a terra
E as solidões do mar,
Deixa, deixa sonhar ventura os homens;
Já filhos teus nasceram:
Um dia acordarão desses delirios,
Que tão gratos lhes eram.
E eu que vélo na vida, e já não sonho
Nem gloria, nem ventura;
Eu, que esgotei tão cedo, até as fézes,
O calix da amargura:
Eu, vagabundo e pobre, e aos pés calcado
De quanto ha vil no mundo,
Sanctas inspirações morrer sentindo
Do coração no fundo,
Sem achar no desterro uma harmonia
De alma, que a minha entenda,
Porque seguir, curvado ante a desgraça,
Esta espinhosa senda?

Torvo o oceano vai! Qual dobre, soa
Fragor da tempestade,