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“Eu concedo a palavra ao Deputado,
“Que vem, perante vós, dar seu recado;
“Attentem todos, pois, que o caso é sério,
“Eu ergo a cruz de cedro—o Salvaterio !„...

Dos Pares nova grita se-alevanta,
A bramarem do demo pela manta.
Em rolantes descargas de apoyados
Retumbam corredores e telhados!

As aranhas dos tectos penduradas
Nas teyas affiguram-se embaladas,
Trementes, pelo estrondo espavoridas,
Ou de maior desastre apercebidas ;
Atiladas, pelludas ratazanas,
Do fracasso temendo às trabuzanas,
Pelos furos do chão, qual rayo ardente,
Sumiram-se de um jacto, de repente :
Os farçolas cocheiros lá do largo,
Ao costumeiro riso pondo embargo.
Treparam de tropel ás almofadas.
E boccas a cahir de escancaradas !

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Quedou-se de improviso a confusão ;
Ha profundo silencio no salão.

Foi-se erguendo o Payão ; e foi-se erguendo...
Cada vez mais seu vulto se estendendo
La a sala tomando, de alto a baixo,
Como os mastros compridos de um patacho ...

Todo o espaço medio mui vagaroso,
Com aspeito febril, com ar cerdoso ;
E os braços apoyando sobre a grade,
Macilento e sombrio, como o Frade,
Que um improviso engendra já vetusto,
D'este geito começa arcando o busto: