O VELHO NAMORADO
Pobre velho! Estás perdido
Se n’esse couro tão duro,
Pôde ainda fazer-te um furo
Uma setta de Cupido!
D’esse mal accommetido,
Remedio te não darão;
Que nessa idade a paixão,
Bem que assim te não pareça,
E’ moléstia da cabeça,
Que não sente o coração
Um velho demente,
Mimoso ratão,
Fiado em Cupido,
Quiz ser Maganão.
Janeiros sessenta
Contava o patola,
Com rugas na cara,
Com ar de farçola.