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Tornar-se bem quisto.... eis uma prova de que nem todos sahem a seu talante, ou segundo as suas previsões.

No tempo da segunda republica Franceza, estavamos no principio da nossa carreira, servindo de addido de Legação em Washington, cujo Chefe era nosso presado pae, que Deus haja. Um dos cavalheiros que successivamente representaram aquella republica nos Estados Unidos, apenas desembarcado em New-York, onde tinha amigos, foi convidado a um grande jantar que lhe offereceram, publicando-se nos jornaes os discursos proferidos n'aquella occasião. O novo Ministro, julgando sem duvida agradar não sómente aos amigos presentes, senão tambem ao publico e ao Governo, que no dia seguinte não deixariam de ler o seu discurso, foi franco e sem reserva nos seus protestos democraticos, e nos seus votos enthusiastas pela fraternísação das duas republicas. Parece porém que o seu procedimento produziu um ell'eito contrario em Washington, para onde foi em seguida entregar ao Presidente a sua Carta Credencial; ao passo que alguns jornaes tambem o não pouparam. Em summa, a sua missão durou pouco tempo. Era homem de talento; mas, ao que parecia, muito radical para o gosto americano.

Lembra-nos outro caso do mesmo genero, occorrido durante a nossa residencia em Londres como secretario de Legação. Para aquella Côrte foi nomeado Ministro dos Estados Unidos um advogado distincto, orador, e homem politico muito estimado no seu paiz, e já bastante conhecido em Inglaterra, cuja imprensa, tecendo-lhe elogios, parecia augurar bem de semelhante nomeação. Chegado a Liverpool, pronunciou elle o primeiro de uma serie de discursos publicos, a qual continuou em Londres, depois da sua recepção pela Rainha, e em outras cidades do Reino-Unido, para onde se dirigia a convite de diversos grupos de admiradores seus. Com quanto esses discursos versassem geralmente sobre os interesses commerciaes dos dous paizes,