QUINCAS BORBA
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prestito seguiu pela rua dos Ouriees adeante; vinha do aljubo e ia para o largo do Moura. Bubião naturalmenteficouimpressionado. Durante alguns segundos esteve como agora á escolha de um tilbury. Forças intimas offereciam-lhe o seu cavallo, umas que voltasse para traz ou descesse para ir aos seus negócios, — outras que fosse ver enforcar o preto. Era tão raro ver um enforcado! Senhor, em vinte minutos está tudo findo! — Senhor, vamos tratar de outras cousas! E o nosso homem fechou os olhos, e deixou-se ir ao acaso. O acaso, em vez de leval-o pela rua do Ouvidor abaixo até á da Quitanda, torceu-lhe o caminho pela dos Ourives, atraz do prestito. Não iria ver a execução, pensou elle; era só ver a marcha do réo, a cara do carrasco, as cerimonias... Não queria ver a execução. De quando em quando, parava tudo, chegava gente ás portas e janellas, e o porteiro dos auditórios relia a sentença. Depois, o prestito continuava a andar com a mesma solemnidade. Os curiosos iam narrando o crime, — um assassinato em Mata-porcos. O assassino era dado como homem frio e feroz. A noticia dessas qualidades fez bem a Bubião; deu-lhe força para encarar o réo, sem deliquios de piedade. Não era já a cara do crime; o terror dissimulava a perversidade. Sem