QUINCAS BORBA
319

QUINCAS BORBA

319

— Tens razão em te zangares, formosa creatura, acrescentou, mas hade ser comtigo, não com elle. Elle que vale? Um triste homem sem encantos, pôde ser que bom amigo, e talvez generoso, mas repugnante, não? E tu, requestada de outros, que demônio te leva a dar ouvidos a esse intruso da vida? Humilha-te, ó suberba creatura, porque és tu mesma a causa do teu mal. Tu juras esquecel-o, e não o esqueces. E é preciso esquecel-o? Não te basta fital-o, escutal-o, para desprezal-o? Esse homem não diz cousa nenhuma, ó singular creatura, e tu... — Não é tanto assim, interrompeu a outra rosa, com a voz irônica e descançada; elle diz alguma cousa, e dil-a desde muito, sem desapprendel-a, nem trocal-a; é firme, esquece a dor, crê na esperança. Toda a sua vida amorosa é como o passeio á Tijuca, de que vocês fallavam ha pouco: «Fica para o domingo que vem!» Eia, piedade ao menos; sê piedosa, ó boníssima Sophia! Se hasde amar a alguém, fora do matrimônio, ama-o a elle, que te ama e é discreto. Anda, arrepende-te do gesto de ha pouco. Que mal te fez elle, e que culpa lhe cabe se és bonita? E quando haja culpa, a cesta é que a não tem, só porque elle a comprou, e menos ainda as linhas e a navette que tu mesma man-