QUINCAS BORBA
389

QUINCAS BORBA

389

— De que vale tudo isto? perguntou Theophilo á mulher, após alguns instantes de contemplação triste. Horas canç.idas, longas horas da noite até madrugada, ás vezes... Não se dirá que este gabinete é de homem vadio; aqui trabalha-se. Você é testemunha que eu trabalho. Tudo para que? — Consola-te trabalhando, murmurou ella. Elle, acerbo: — Buim consolação! Não, não, acabo com isto, passo a ignorar tudo. Olha, na câmara, todos me consultam, até os ministros — porque sabem que eu applico-me deveras ás cousas da administração. Que prêmio? Vir para cá, em maio, applaudir os novos senhores? — Poisnão applaudas nada, disse-lhe mansamente a mulher. Queres fazer-me um obséquio? Vamos á Europa, em março ou abril, e voltemos d'aqui a um anno. Pede licença á câmara, d'onde quer que estejamos,—de Varsovia, por exemplo; tenho muita vontade de ir a Varsovia, continuou sorrindo e fechando-lhe graciosamente a cara entre as mãos. Diga que sim; responda que é para eu escrever hoje mesmo para o Bio Grande, o vapor sae amanhã. Está dito; vamos a Varsovia?