uma lesão physica, accentuando-se a sua doença nervosa em 1874.
Na impossibilidade de toda a ordem de trabalho, mas carecendo de occupar a imaginação no meio dos seus soffrimentos, Anthero de Quental ia dia a dia burilando um ou outro soneto, em que dava expressão ao estado moral em que se achava; os amigos foram colligindo estes sonetos, vindo ao fim de algum tempo Oliveira Martíns a formar um precioso volume de que elle mesmo foi o editor carinhoso. Fez a esse livro uma introducção vaga sobre intenções buddhicas e intuições nirvânicas, mas não nos deu a nota viva do poeta. Os Sonetos de Anthero produziram uma forte impressão, não só pela profundidade dos sentimentos como principalmente pela perfeição esmeradissima da fórma; porque os versos das Odes modernas, na expressão das paixões revolucionarias, eram pouco plasticos, e revelavam mais o philosopho do que o artista.
Nos Sonetos Anthero transfigurara-se. O Dr. Storck, que acabava de traduzir em bellos versos