— Não gosta da roça?
— Eu não tenho preferências; gosto tanto da roça como da cidade; contudo... dou-me melhor cá. Está olhando para aquela moça? não a acha bonita?
— Quem? Eu não olhava para ninguém.
— Pois fazia mal; porque valia a pena olhar: Lívia é a rainha da noite.
Conquanto Raquel, na opinião de Félix, fosse uma menina, não deixou este de estranhar que tão facilmente cedesse a realeza da noite a outra mulher; mas, por outro lado, refletia que esta abdicação bem podia ser uma afetação de modéstia. Contudo, o límpido olhar da moça revelava a mais absoluta ingenuidade. Fez-lhe um cumprimento à beleza dela, e entrou a admirar de longe a beleza de Lívia.
Lívia tinha efetivamente um ar de rainha, uma natural majestade, que não era rigidez convencional e afetada, mas uma grandeza involuntária e sua. A impressão de Félix foi boa e má; achou-lhe uma beleza deslumbrante, mas pareceu-lhe ver através daquele rosto senhoril uma alma altiva e desdenhosa.
— Será a rainha da noite, disse ele voltando-se para Raquel; mas não serei eu quem lhe faça a corte.
— Por quê?