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POLLICE VERSO

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A Sorbonna! A Sorbonna deve ser algum "paraiso" em Montmartre, onde compartilha com o apache da Yvonne o dia da rapariga.

Doyen está claro que é a propria rapariga.

E os tres hospitaes? Ora! são os tres cabarets mais a geito.

Não obstante o pae scismou naquillo cheio d'orgulho, embora pezaroso: que pena não estar viva a Joaquininha para ver em que alturas andava o Nico, o Nico do sanhaço estripado... Em Paris!... Na Sorbonna!... Discipulo querido do Doyen, o grande, o immenso Doyen!...

Mostrou a carta aos medicos reconciliados.

— Isso de hospitaes, gemeu Fortunato, é uma mina. Dá nome. Para botar nos annuncios é de primeirissima.

— E o Doyen, hein? murmurou baboso o embevecido pae. Não ha como a gente apropinquar-se das celebridades...

— E' isso mesmo, concluiu o Moura, relanceando um olhar a Fortunato, n'um commentario mudo áquelle mirifico apropinquamento. E os dois enxugaram, á uma, os copos da cerveja commemorativa, mandada abrir pelo bemaventurado Coronel.

— E a Consciencia? perguntará com indignação algum megatherio, ledor de Hugo e Sue, contemporaneo do remorso, do dedo de Deus e outras antigualhas fosseis.

— Dorme o somno do archaismo no fundo dos diccionarios, responde com o seu riso metallico o nosso prezado amigo Mephistopheles, de dentro de um "Fausto", de qualquer edição. E o megatherio embucha.

MONTEIRO LOBATO