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SONETO.
Ao Muito Reverendo Senhor João Mendes da Silva, natural da Ilha da Madeira.


Charo Collega meu, [1] Mendes querido,
Lenitivo suave a meu cuidado ,
Quando em austero asylo afferrolhado
Nos verdes annos meus era opprimido.

Pel-a mão da verdade aqui tecido
C'as próprias tintas, que moêra o fado,
O quadro vê d'aquelle antigo estado,
Em trabalhos fataes reproduzido.

O que é a Desventura em fim repára;
Depois que desandou a roda sua,
Oh! como, Amigo, raras vezes pára!

Tem sido a minha vida amarga e crua,
De martyrios sem fim cadêa rara,
Que de hora em hora sem cessar gradúa.

  1. Foi contemporâneo do A. no estado de Seminarista em o Collegio de S. João Evangelista do Funchal. [N. de Januario Justinianno de Nobrega]