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SONETO.

Sádías virações da madrugada,
Que as folhas embalais d’este arvoredo,
Entrando n'este sitio inda mais cêdo,
Que a dubia luz da aurora marchetada.

Agora que repousa a doce Amada
Em lençoes de jasmins seu corpo lêde,
Um pouco respirai mais em segredo,
Sádías virações da madrugada.

Respeitai de Marilia o somno brando
Nos ramos d'estes álamos copados,
As subtis azas placidas feixando.

Tende em morno silencio os verdes prados,
Durma a causa do mal que estou passando,
Em quanto dorme, dormem meus cuidados.