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ROSA

I

Sessão preparatoria.

Em uma das ruas menos acanhadas e mais rectas desta nossa boa cidade do Rio de Janeiro, ha uma casa que, a pezar de seus dous gigantescos andares com tres janellas cada um delles, e do muito d’antes suspirado symbolico numero — 33 — que a designa, faz-se exclusivamente recommendavel pelo precioso thesouro que guarda.

Ora, como o nome dessa rua não se declara aqui por motivos de alta politica de coração, e como a natureza do thesouro que a casa encerra não convem ser tão depressa revelada, o unico partido a tomar é subir a escada e entrar na sala de visitas da casa nº 33.

No que diz respeito á sala, o numero 33 não precisa de elegancia: tres portas ac fundo, correspondendo a tres janellas que para rua se abrem, servem de limite a um espaço de cento e vinte palmos em quadro, de que consta a sala: suas paredes são forradas de papel branco adamascado e salpicado de lagrimas cor de ouro; o soalho se esconde por