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VICTORINO.


Seria o livro mais mentiroso que se tem escripto.


LUIZA.


Quem sabe ! Já ouvi dizer que Sua Alteza gos- tava de passeiar incógnito como aquelle rei das Mil e uma noites.–Eu tãobem desejava, mas era saber se aquella condessa que lá vai coberta de seda e joias estará mais alegre e feliz que eu.


RAPHAEL.


Penso que não. A soberba é mãe da desgraça. O ouro é brilhante, mas não deixa de ser metal.


VICTORINO.


Pois eu, como já esto cansado do passeio, que- ria antes estar no theatro, ouvindo a Zacheli cantar algum duetto, ou assentado ao balcão de um bo- tequim, a comer pasteis e bolos de arroz.


RAPHAEL.


Se querem voltar para casa....


LUIZA.


Que pressa ! se ainda é tão cedo ! Demos outro gyro pelo pateo e depois voltaremos.


RAFAEL.


Pois bem ; fica passeiando com o Victorino, em quanto vou comprar alguns doces para ti. Eu logo volto.