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Henrique Lins

Em 25 de julho de 1909, Blériot, amigo e admirador de Santos Dumont, ganhou o prêmio do jornal inglês Daily News ao atravessar o Canal da Mancha. Santos Dumont dirigiu-se emocionado a Blériot: “Esta transformação da geografia é uma vitória da navegação aérea sobre a navegação marítima. Um dia, talvez, graças a você, o avião atravessará o Atlântico”. Ao receber as congratulações de Santos Dumont, Blériot respondeu: “Eu não fiz mais do que segui-lo e imitá-lo. Seu nome para os aviadores é uma bandeira. Você é o nosso líder”[1].

No mesmo ano, em 22 de agosto, teve início a Grande Semana da Aviação, em Reims. Santos Dumont não participou das provas, mas seguiu com atenção. Ao término do evento, Santos Dumont realizou seus últimos vôos. “Aí está! Vocês vêem que isto vai muito bem. Estou convencido, quanto a mim. Amanhã à tarde, farei com que cronometrem, oficialmente, numa prova de classificação... Eu desejo bater o recorde de Curtiss, que levantou vôo depois de percorrer 80 metros. Estou quase certo de que, em 30 ou 40m, poderei decolar. Que farei depois? Prosseguirei minhas experiências. Quero estabelecer os recordes de velocidade em 4, 5, 10 e 20km e mais ainda, se tudo correr bem. Acabam de me propor a ida a Berlim, e recusei. Acho que vôos sobre planície são os únicos que interessam, na atualidade...” [2]

Em 1910 estava esgotado e após um novo acidente decidiu abandonar o vôo. “...E nestas experiências tinha, durante dez anos, recebido os choques mais terríveis, sentia-me com os nervos cansados... Anunciei a meus amigos a intenção de pôr fim à minha carreira de aeronauta – tive a aprovação de todos”[3]. Mas não foi esquecido e no mesmo ano recebeu uma grande homenagem do Aeroclube da França com a inauguração do marco comemorativo do vôo do 14 Bis: “Aqui, em 12 de novembro de 1906, sob o controle do Aeroclube da França, Santos Dumont estabeleceu os primeiros recordes mundiais da aviação: Duração: 21 s 1/5. Distância: 220m”.

A partir daí sua atuação no campo aeronáutico mudou de rumo, mas continuou intensa e de grande importância. Trabalhou no sentido de popularizar o avião e de mostrar o potencial futuro que a nova invenção possuía.

Em 1913, quando da inauguração do Ícaro, em Saint-Cloud, o monu-

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  1. Paquier, Pierre. 1952. Maître d’Action. Éditions du Conquistador. 111pp. P. 55
  2. Le Matin. 15 de setembro de 1909. no.9.332.
  3. Alberto Santos Dumont. 1918.O que eu vi o que nós veremos. Edição do Autor. Petrópolis. 100pp. P. 65.