SONETOS
23

II
 

Dorme entre os gelos, flôr immaculada!
Luta, pedindo um ultimo clarão
Aos soes que ruem pela immensidão,
Arrastando uma aureola apagada...

Em vão! Do abismo a bôca escancarada
Chama por ti na gélida amplidão...
Sobe do poço eterno, em turbilhão,
A treva primitiva conglobada...

Tu morrerás tambem. Um ai supremo,
Na noite universal que envolve o mundo,
Ha de echoar, e teu perfume extremo

No vacuo eterno se esvahirá disperso,
Como o alento final dum moribundo,
Como o ultimo suspiro do Universo.