dez horas em ponto. Cercavam a mesa perto de trinta pessoas.

Na cabeceira estava D. Paulina, a mulher do Comendador Soares, senhora de estatura regular, e bastante nutrida. Tinha na fisionomia um ar de bondade e singeleza que lhe conciliava a simpatia geral. Seus gestos eram acanhados; via-se que não estava a cômodo, nem se ocupava em desempenhar o seu papel de dona de casa. Esta senhora, que nascera para uma vida modesta, sentia-se acabrunhada pela riqueza, e opressa por esse luxo de ostentação que a envolvia e se apoderara até de sua pessoa. Seu vestido feito no rigor da moda era uma túnica de Nesso para aquele gênio pachorrento.

Na extremidade oposta, ou na outra cabeceira, estava o Comendador Soares, homem de cinquenta e cinco anos, de mediana estatura e talhe franzino, mas vivo e ágil, respirando saúde e alegria no rosto prazenteiro e no gesto animado. Trazia a barba rapada e o cabelo cortado à escovinha.