Foi então que, de repente, apareceu o Camacho transformado em visconde, sem que ninguém pudesse atinar com o meio por que obtivera, logo de supetão, aquele título, quando o costume era começar por barão. Diziam uns que fora comprado, outros que lho tinham dado.
— Nem dado, nem comprado! acudia o Soares em tom de pilhéria. O velhaco do Camacho empalmou o aljube, que lhe tinham dado de penhor, e fez-se visconde. Com todo o direito! Não resta dúvida.
Os ouvintes riam; e o visconde, imperturbável, metia as mãos nos bolsos e repetia com certo sonsonete que lhe era próprio, um dito muito conhecido:
— A alma do negócio é o segredo.
Os amigos mais íntimos do Soares, sobretudo o Barão do Saí, por vezes lhe tinham feito observações a respeito da privança a que ele admitia o visconde, cuja reputação dava para um excelente herói do romance galeote, atualmente na moda.
Mas o Soares, que lhe sabia as anedotas, galhofava.