seu espírito pronto e seguro trabalhava com a inflexibilidade da mola de aço que move as figuras de um realejo.
Suas melhores operações, combinava-as no meio de um jantar ou de uma partida de jogo, e executava-as a galhofar. Brincava com seus milhões, como um menino com seus trebelhos.
Sendo de todos o mais rico, era para notar-se que fosse o menos graduado. A comenda era uma história, e vale a pena de saber-se.
Quando a riqueza de Soares tornou-se sólida e incontestável, até para os invejosos, começaram a chamá-lo de comendador, e por mais que o milionário metesse a cousa a ridículo, defendendo-se contra a honraria, por tal modo vulgarizou-se o tratamento, que não houve meio de resistir-lhe. O público soberano entendeu que um homem tão recheado de ouro não podia existir sem que fosse ao menos comendador, como qualquer troca-tintas.
— Ora pois! dizia o Soares, eis-me comendador por unânime aclamação dos povos. Mas há de ser da ordem do bacorinho!
Essa referência à