— Começando pela própria consciência? observou Ricardo.

— Ah! Ele era capaz de vender-se aproveitando a alta, para comprar-se depois na baixa, ganhando alguns contos de réis na operação.

— Já vejo que é uma grande cabeça em finanças. É pena que não se aplicasse à política; seria o criador de uma situação!

— Mas vem cá, Ricardo. No fim de contas hás de confessar que isso de consciência é traste de pobre. Eu a comparo a uma mala de couro, ou uma canastra de pau. Numa casa rica seria sumamente ridículo!...

— Queres então dizer...

— Entendo que ninguém pode enriquecer, deixando-se levar pelos conselhos da tal velha rabugenta, que se agasta com a menor cousa e de tudo se aflige.

— Pois eu penso ao contrário que a consciência é indispensável à riqueza, justamente para contê-la e coibir os seus excessos. A pobreza tem para reprimir-se a própria fraqueza; mas a opulência, servida pela justiça e até