descuidado e folgazão, às vezes abusava, fazendo proezas com o Galgo; mas Ricardo coibia as travessuras, moderando o ardor do amigo. Disto nunca resultava a menor desconfiança entre ambos. Nessa boa e verdadeira amizade, um punha em comunhão o sorriso, o outro o conselho; um era a alegria e a esperança, o outro era a consolação e a fé.
Depois do almoço, enquanto a velha foi rezar, como de costume, Fábio tomou a espingarda, Ricardo, sentando-se à janela, abriu o álbum e entreteve-se a desenhar. Primeiramente coloriu a figura do pequeno arbusto, parte de memória, e parte à vista do galho que tinha quebrado.
Enquanto se ocupava com esse trabalho, a mente repassava as recordações da cena recente e da posição em que o surpreendera a moça a cavalo; com essas lembranças vinham de envolta as saudades das pessoas a quem amava, e de quem se achava ausente. Quando as veria para contar-lhes todos esses pequenos incidentes de sua vida, para referir-lhes essa longa história de uma esperança tão ansiada!