a poesia, de todas a mais sublime porque fala não só ao coração, como à inteligência.
Ricardo era um poeta da forma; ele fazia versos com as cores. Suas impressões, debuxava-as sobre o papel em imagens, retratadas ao vivo. Copiava-as da memória, onde ficavam estampadas como em uma lâmina fotográfica; depois a imaginação bordava a lápis com essas recordações algum soneto ou alguma ode, corretos no desenho, brilhantes no colorido.
Os contornos gerais do quadro já estavam delineados; via-se em traço quase desvanecido a moldura da folhagem entrançada de grinaldas amarelas, a estampa do soberbo cavalo isabel, e o lindo perfil da amazona cujo véu se enrolava ao sopro da brisa.
Sentindo que Fábio se aproximava, Ricardo voltou a página do álbum, e disfarçou esboçando figuras grotescas em uma folha solta. Se o amigo visse o quadro, adivinharia quem era a moça; seria necessário referir a cena dos beijos. Ora, Ricardo tinha vexame de contar essa infantilidade de seu coração; e sobretudo a Fábio, que ele