a moça não foi como de costume para a casa da tia esperar cartas; e desculpou-se com uma enxaqueca, esse grande recurso diplomático das mulheres. Por volta de ave-maria trouxeram-lhe da parte de D. Benvinda uma carta.
De longe, apenas a viu na mão do portador, Bela adivinhou que era de Ricardo.
À frouxa luz do crepúsculo, recostada à ombreira da janela, com os olhos úmidos e a alma tomada de um indefinível sobressalto, leu a moça as palavras afetuosas que lhe dirigia o noivo.
Minha querida Bela.
Deus ouviu suas preces, as preces de um anjo, e abençoou os meus esforços.
Breve estaremos reunidos e para sempre. Viveremos na pobreza, a que a sorte nos condena; mas não é só a opulência que tem o direito de ser feliz neste mundo; ao contrário, muitas vezes ela não acha no meio de seu luxo um instante da alegria que enche a casinha do pobre.
Teremos de passar ainda por grandes provanças, minha querida Bela; não devo iludi-la. A vida