para mim o sacerdócio da justiça, a nobre independência do talento. A imprensa, eu a considerava como uma realeza, e a mais legítima, porque tinha o seu trono na opinião.
— Mas isso não passava de uma abusão?
— Completa, meu colega. Quando tiver alguma prática do foro, há de reconhecer que são as boas causas as que mais frequentemente se perdem. Quem sustenta um pleito justo, confia no direito; mas o seu adversário emprega todos os recursos: e ganha. Quanto à independência, não passa de uma burla; todos nós, que mais somos do que uma cadeia de fuzis? Cada um segura-se ao anel de cima, e por sua vez suspende o anel de baixo; e assim trabalha a corrente do guindaste.
— Não confunda V. Ex.a a independência com a barbaria, ou ainda com a misantropia. A sua virtude consiste justamente em manter o caráter no meio das colisões e embates que o abalam. Aí está a dignidade do homem, lutar e vencer; isolar-se do mundo, parece mais covardia.
— Devaneios, replicou Nogueira com desdém.