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Fugir, ou evitar assaltos novos?
O fogo que ao infante o dedo queima,
A refletir o ensina, enquanto os mimos
Da terna mãe mil vezes o corrompem.

Oh desgraçado aquele
Que jamais suportou uma só mágoa,
E que de gozo em gozo vê seus dias
Correr tranqüilamente;
Como a flor nasce, e morre,
Mas como a flor também nada conhece;
Existe, mas não vive,
Que é, sem dor, o prazer uma quimera.
Para vermos a luz, que ânsias, que dores
Não sofrem nossas mães? Mas nesse instante
As dores maternais, nascendo, herdamos.
Glória, fama, saber dores nos custam;
Até o último expiro a dor nos segue;
E quem sabe se à dor põe termo a morte?

Como é feliz aquele que levanta
Seu espírito a Deus, e com fé pura,
No meio da tormenta,
Que o mundo sem cessar contra nós arma,