como o effluvio d’agua, que da rocha se precipita, e ao seu cume remonta, ou como a reflexão da luz ao corpo luminoso; vingar ao mesmo tempo a Poesia das profanações do vulgo, indicando apenas no Brasil uma nova estrada aos futuros engenhos.
A Poesia, este aroma d’alma, deve de contínuo subir ao Senhor; som acorde da intelligencia deve sanctificar as virtudes, e amaldiçoar os vicios. O poeta, empunhando a lyra da Razão, cumpre-lhe vibrar as cordas eternas do Sancto, do Justo, e do Bello.
Ora, tal não tem sido o fim da maior parte dos nossos poetas; e o mesmo Caldas, o primeiro dos nossos lyricos, tão cheio de saber, e que podéra ter sido o reformador da nossa Poesia, nos seus primores d’arte, nem sempre se apoderou desta idéa. Compõe-se uma grande parte de suas obras de traducções; e quando elle é original causa mesmo dó que cantasse o homem selvagem de preferencia ao homem civilisado, como si aquelle a este superasse, como si a civilisação não fosse obra de Deos, á que era o homem chamado pela força da intelligencia, com que a Providencia dos mais seres o distinguira!
Outros apenas curaram de fallar aos sentidos; outros em quebrar todas as leis da decencia!