Se no cume da serra a tempestade
Caliginosos braços estendia;
Se nas torres dos templos se esbarravam
Lampejantes coriscos;
Na paterna mansão, ermo de susto,
Escutava o trovão, e o hino excelso
Que entoavam meus pais venerabundos.
Oh! com que rapidez tudo se muda!
O homem nem prevê próximos males!
Aqui, neste Oceano,
Sem que sequer um só prazer desfrute,
Tudo é horror, e um vasto cemitério.
De cada lado gigantescas vagas,
Irritadas elevam-se, curvando
Sobre o navio que sem tino vaga.
Negras nuvens do sol a face enlutam;
Soltos trovões se embatem, troam, bramam;
Rijo sibila o vento nas enxárcias;
Ante a proa em montanhas espumosas
Pulveriza-se o mar, roncando horríssono;
Gemendo as vergas beijam
A onda que se empola, ou já se afunda,